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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O mal

O mal é inerente ao ser humano. Porém há aqueles que realçam seu relacionamento com o mal, usando-o como arma para fazer conquistas. Algumas vezes o uso do mal não é exatamente percebido pelo seu portador. Outras vezes parece ser coisa do subconsciente. Mas há casos em que o mal trabalha explicitamente na estratégia pessoal. Sem nos atermos à origem desse fenômeno, podemos perceber seu impacto em todos os ambientes, inclusive no ambiente de trabalho, profissional e até mesmo acadêmico. Afunilando ainda um pouco mais nossa análise, abordemos a questão da inovação e do empreendedorismo no ambiente de trabalho. Qual é normalmente o perfil dos empreendedores? E seus interesses, a que estão alinhados?

A resposta parece simples. Empreendedores são normalmente pessoas sonhadoras, que desejam realizar em detrimento de acumular riquezas excessivamente, não obstante o fato de uma coisa não implicar a outra. As pessoas do mal (vamos chamá-las carinhosamente assim) não têm interesse em realizar sonhos. O que importa para elas é o sentimento de poder, seja ele trazido por riquezas, seja ele trazido pela percepção de mandar ou subjugar pessoas. Tem sido assim desde a fundação do mundo.

O que mais me intriga é que tudo isso que escrevi até agora parece coisa do passado, algo ao qual deveríamos já estar imunes. Mas não. O mal continua reinando na sociedade, e traz muitos prejuízos às pessoas e, especificamente, ao foco deste texto: o ambiente de trabalho. Ao analisar o mal na empresa, percebo que ele se aflora quando é dirigido aos empreendedores, pois estes tendem a ter uma postura ingênua no tocante a possíveis ciladas de caráter pessoal. Eles normalmente não vêm o mal nas pessoas. Em muitos casos, até mesmo recusam-se a acreditar quando são informados sobre sua ocorrência.

O mal, uma vez domiciliado no interior de uma pessoa, perpetua-se mediante a afinidade e a atratividade que faz aflorar entre si os portadores de tal peste. Um jogo permanente de interesses estabelece um vínculo entre aqueles que fazem o mal, o que facilita sua escalada ao que chamam de poder. Ao chegar ao poder, veem os sonhadores, empreendedores e lunáticos como aqueles que lhes podem ofuscar o brilho. Assim, conscientemente, ou subconscientemente, ou mesmo inconscientemente - pouco importa como - eles os massacram psicologicamente, tentando roubar-lhes aquilo de que não podem abrir mão: sua dignidade. Matam assim a criatividade, por meio do controle e do exercício do poder aparente.

Perpetua-se assim a mediocridade, a mesmice e, por fim, a pobreza de espírito. O mundo, em vez de se voltar às realizações que trazem o bem, volta-se ao mal, que ardilosamente procura retirar os benefícios da sociedade e transferi-lo para seus portadores. O ambiente de trabalho, em vez de se tornar propício às realizações que trazem valor, torna-se o palco de uma batalha velada, cujo vencedor não existe. E o que acontece com os sonhadores lunáticos? Continuam sonhando e realizando. Onde? Remando contra a correnteza, no mesmo lugar ou alhures.