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sábado, 5 de março de 2011

A crise econômica e o desenvolvimento - artigo da época da crise de 2009 (julho/2009) - mas os conceitos ainda valem



O dilema que o mundo empresarial enfrenta na atual crise econômica é notório. Empresas dos mais variados setores do mercado têm sido obrigadas a rever seu planejamento e redefinir suas estratégias de investimento. As ondas negativas geradas pela crise, provindas de direções e contextos diversos, impactam a sociedade como num efeito dominó. As posturas das empresas variam de acordo com seu campo de atuação e também com sua visão de estratégia. O caminho mais sensato para a maioria delas é focar na sobrevivência primordialmente, deixando as questões voltadas ao seu desenvolvimento em segundo plano. O que isso significa? Significa focar naquilo que é urgente e por ora esquecer daquilo que pode garantir a sobrevivência da empresa no futuro em médio e longo prazos.

Situações adversas como a que estamos vivendo no momento nos colocam em uma encruzilhada. O investimento equivocado em questões voltadas ao futuro longínquo podem impactar o investimento nas questões operacionais de tal maneira a marcar a derrocada de um empreendimento. Por outro lado, empresas que se limitam a focar apenas as atividades operacionais como forma de garantir a sobrevivência, interrompendo qualquer investimento de futuro ou de capacitação, podem selar seu destino de ser apenas mais uma no mercado, enquanto subsistirem. É justamente a adversidade que pode mudar o curso do mercado, proporcionando a possibilidade de algumas empresas despontarem como potência e determinando a queda de outras que outrora eram inabaláveis em sua posição de liderança de mercado.

Nossa postura perante essa situação é, portanto, crucial na determinação de nosso futuro. Mais do que qualquer outra coisa, é hora de parar e pensar, promover a criatividade para a geração de novas soluções, tanto de produtos quanto de metodologia. É hora de planejar, e talvez até replanejar. É hora de olhar as coisas sob um ponto de vista alternativo. É hora de se perguntar por quê. É hora de redefinir o direcionamento do empreendimento, de forma a não só garantir sua sobrevivência como também de aproveitar a oportunidade, gerada pela adversidade, para adquirir um significativo diferencial competitivo. Apenas uma visão empreendedora, criativa e bem fundamentada poderá alcançar esse sucesso. Apenas uma postura ousada poderá transformar a tão temida crise em uma fonte de novos resultados.

Muitos empreendimentos conquistaram, nessas condições, importantes vitórias frente ao mercado. Algumas delas, entretanto, resignaram-se com o diferencial alcançado, e relaxaram assumindo que a vitória parcial fosse suficiente para lhe garantir o futuro. Algumas outras vieram inclusive a sucumbir perante um mercado dinâmico e extremamente competitivo, mesmo tendo estado à frente de sua concorrência pelo tempo que a sustentabilidade de suas inovações lhes permitiu.

É provável que o efeito da conquista de um diferencial seja similar ao efeito ocasionado pelas artimanhas negociais que nos levaram à atual crise financeira. Esse efeito nada mais é do que a falsa ilusão de que as conquistas são mais sustentáveis do que realmente são. Em um mundo em constantes mudanças, tanto em termos de oferta quanto em termos de demanda, confiar totalmente em um passo bem dado pode significar a derrocada definitiva. A sustentabilidade da inovação só é garantida quando o pensamento que a rege consiste em torná-la obsoleta. Para ser sustentável, a inovação deve estar constantemente se sobrepujando.

Por isso, torna-se essencial não apenas desafiar a crise com um novo olhar sobre o mercado como também adquirir uma postura de constantemente lutar para que a vantagem competitiva alcançada graças a esse novo olhar se reduza a zero. O futuro pertence aos que hoje enxergam além, mas o sucesso definitivo pertence aos que consistentemente questionam sua própria visão.

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