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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Editorial Espaço Energia 17 - Inovação tecnológica - movimento e postura


Temos visto no país, ultimamente, um movimento significativo em prol da inovação tecnológica. Isso tem sido evidenciado por diversas iniciativas do setor empresarial, mediante a realização de eventos com base na interação com o setor acadêmico, e também do setor governamental, com a instauração de leis de incentivo federais e estaduais. Um dos principais objetivos desse movimento é fazer o país despontar como detentor de competência baseada no conhecimento especializado e na criatividade na concepção de soluções.

As experiências nesse contexto, entretanto, levam à identificação de pontos que precisam urgente atenção, citados a seguir, não necessariamente em ordem de importância. A primeira delas é a equiparação de postura por parte dos setores responsáveis pela gestão de recursos, cuja mentalidade ainda se mostra na contramão da inovação. A segunda é a educação, cuja prática ainda preconiza o aprendizado unidirecional, em que o professor, detentor do conhecimento, procura transmitir seus ensinamentos aos alunos, porém, na maior parte dos casos, sem promover interação. Modelos modernos fazem maior uso da pesquisa, da interação, da complexidade e da retroalimentação. A terceira, e por ora última, é a dificuldade de interação existente, de um modo geral, entre os dois setores, academia e indústria, recorrentemente mencionada nos editoriais deste periódico.

Fóruns focados na interação entre os dois setores com vistas à fundamentação de empreendimentos de P&D e de inovação tecnológica, apesar de terem promovido a evolução da postura de cientistas e empresários nos últimos anos, ainda encalham no mesmo problema: empresários buscando soluções pontuais ao invés de investir na produção de conhecimento especializado como forma de adquirir diferenciação competitiva sustentável e cientistas procurando financiadores para projetos que visam apenas à produção acadêmica, estabelecimento de infraestrutura e bolsas para alunos. Além disso, ainda são evidentes distorções na prática de grupos de pesquisa que lutam entre si, ao invés de se unirem em torno de um fim mais nobre.

Não obstante tudo isso, o país tem demonstrado ao mundo seu potencial, pois é hoje responsável por parcela significativa da produção intelectual. Mais cedo ou mais tarde chegará o tempo em que o país saberá colher os frutos de seu investimento. A interação entre os dois setores é essencial. De um lado, a academia fazendo uso de seu conhecimento especializado para trazer benefícios práticos à sociedade. De outro lado, a indústria investindo em P&D, e dele efetivamente participando, não apenas para obter um resultado concreto, como um produto, mas principalmente o conhecimento especializado, como forma de diferenciação sustentável e emancipação.

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